Vaidade na Era Colaborativa


Ao decorrer do livro Lições de Abismo do, até então desconhecido para mim, Gustavo Corção, muitas reflexões me vieram a cada capítulo. Reflexões próprias da vida, mais próprias para aqueles que a sentem passar. A que me chama atenção especial hoje, fala sobre a vaidade.
E é o que me faz pensar sobre as ações gerais das pessoas, conhecidas de perto, de longe, de ouvir falar, de admirar por algum feito. Na era onde todos possuem voz e alguns, possuem vez. O que faz uma pessoa assinar um artigo, um projeto, ter seu nome num blog, promover seus ideias assinando embaixo?!
Mostrar personalidade, sim. Inspirar pessoas, também. Ser exemplo, tornar-se memorável. Mas talvez um dos males da era da colaboração esteja justamente aí. No momento em que todos querem ser vistos, ouvidos, admirados, pouco tempo sobra para ver, ouvir, silenciar. Nesse contexto entram até as mais ingênuas exclamações, do tipo... hoje trabalhei até tarde, hoje fiz muita coisa, fiz um curso, conheci aquela pessoa, conheci aquele lugar, ajudei alguém. Querer contar que fez, faz a ação ser pouco desfrutada. O querer tirar a foto faz apreciar pouco o lugar, o momento. Depois, ao rever, vem a reflexão: estive lá mesmo?
O twittar, testemunhar, evangelizar, no ânsia de ter mais seguidores em qualquer que seja o sentido, pode gerar angústia se esses não vierem. Afinal, você é o que você compartilha. Se o texto não for comentado, não serviu, não serve. o fato de não comprarem a tua ideia, não frequentarem o teu movimento, não aderirem às suas causas e pensamentos, o faz um ser inútil? Penso que não. Penso que sim.
Escrevo, penso, fotografo, falo, twitto, apareço, porque faz bem, até aos discretos, que aparecem também sob essa nomenclatura. Faz bem também sob a justificativa não menos verdadeira de ser exemplo, motivar. Mas o escrever, o pensar, o falar, mesmo que para mim mesma, já serve. Faz melhor a mim, para quem sabe, poder fazer a alguém também.
Um dia, numa tentativa de ser ouvida num mundo onde só querem falar, procurei um psicólogo. Fui um dia só, já serviu. Pude falar e mostrar: olha só o que eu estou fazendo! Aí ele me questionou, se tudo o que eu fazia para todos era para agradar a Deus e aos outros, ou para ser amada por Deus e pelos outros. Respondi que sabia que se não fizesse, eles continuariam me amando. Disse o psicólogo: minha filha, raras vezes ouço isso. És uma verdadeira cristã.
E aquilo fez bem. O querido reconhecimento.

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