Diário de uma atarefada


"Ter tempo é questão de preferência."
É uma frase que já me fez pensar. Inicialmente entendi como "eu tenho tempo se eu prefiro ter tempo?" Depois entendi o ´preferência´ de maneira diferente. Preferência a que tenho dado é o que faz o meu tempo.
Já parei para contar num dia quantas vezes eu ouvia as pessoas reclamarem do que deixam de fazer por falta de tempo. E confesso que ainda não aprendi a não me irritar com esses comentários.
Não tenho tempo de ir para a academia, não tenho tempo de ler, de sair, de estudar, para ir à igreja, etc, etc... Percebi que elas não falavam que não tinham tempo para trabalhar. Para trabalhar, todas (ok, a maioria) tinham tempo, embora o tempo não seja suficiente para fazer o que precisam.
Também percebi como muitas dessas pessoas julgam aquelas que acham tempo para as coisas. Afinal, acham que se a pessoa faz muitas coisas, alguma coisa não vai sair direito... ou "como você aguenta? vai ficar doente assim".
Resolvi há algum ´tempo´ não me ater se teria tempo para determinadas coisas, e simplesmente me comprometer a fazê-las.
De uma forma impressionante, percebi como realmente o tempo é relativo, e que é sim questão de preferência.

Trabalho em média 10 horas por dia (entre conversas, risadas, leituras, tuitadas, planejamentos, atendimentos, reuniões, eventos, projetos, criações, produções, financeiro). E ainda me sobram 14 horas. Quando durmo bem, chego a dormir 9h. Nos finais de semana um pouco mais. Ainda tenho 5 horas. Como, durmo, vejo "Two and a Half Men" com minha irmã, sei como foi o dia dos meus pais e conto como foi o meu, mando email ou mensagens para meus amigos, ligo para os que estão longe, visito os que estão perto, faço pilates, passo algumas noites filosofando com meu irmão, leio, saio, namoro, danço. Rezo. Encontro tempo para ver o por do sol e ainda chamar outras pessoas para verem comigo. E na correria, noto cada borboleta amarela que aparece (em um só dia contei 40!).

E se não estudo tanto quanto queria, se não caminho de manhã no parque, se não visitei uma pessoa, não atualizo meu blog com tanta freqüência, se não terminei de ler aquele livro, acredito que é porque não dei preferência a isso. Porque compromissos marcados podem impedir outras atividades (naquele mesmo horário, somente), mas isso não significa falta de tempo. E se quiser, quiser mesmo, eu faço.

E percebo que quanto mais me envolvo em projetos bacanas e com mais paixão faço o que faço, mais tempo parece que tenho. E mais angústia me dá chegar de vez em quando cedo em casa e perceber que ´não tenho nada para fazer´. E que isso sim é o que me cansa.

Quando sou útil, tenho tempo. E quanto mais me ocupo, menos tempo eu tenho para dizer que não tenho tempo.

#Post escrito num sábado que vi TV Xuxa com meu pai, organizei o conteúdo de um site, almocei com um amigo, me reuni com o trainees da i9 do projeto lixo eletrônico para organizar o material arrecadado, passei na cervejada do CEDETEG, fiz faxina, fiz a unha, li Kierkegaard. Isso após uma sexta-feira que cheguei 5h em casa ;)

E agora, preparada para ir no show do Sidney Magal com as amigas (é sério), e acordar no domingo (um pouco mais tarde) disposta a ser enviada para as Santas Missões Populares e encontrar os amigos cursilhistas na Assembléia.
Afinal, só encontro tempo para tudo o que quero, por dedicar boa parte desse tempo para Aquele que me fez entendê-lo de maneira diferente. Meu Cronos, Seu Kairós.

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